segunda-feira, abril 25, 2011

Projecto Rios

Lousada projeto rios2011, adote 500 metros fotos Napoleão Monteiro 

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Enquadramento

Desde as primeiras civilizações, o ser humano, por razões económicas, culturais e de lazer,

esteve sempre ligado aos recursos hídricos, vivendo uma relação que sustentava uma

natureza mais poderosa do que o Homem. Com a evolução da civilização humana, esta

posição mudou. O desenvolvimento das sociedades actuais tem conduzido a uma degradação

generalizada do meio ambiente e a uma utilização irracional dos recursos naturais.

Actualmente, os rios e as ribeiras em Portugal apresentam vários problemas, nomeadamente

ao nível dos usos comuns e da afluência de oportunidades de exploração de recursos que

ocorrem ao longo da sua bacia hidrográfica. Muitos destes problemas resultam da falta de

conhecimento e participação pública, quer ao nível da população em geral quer ao nível do

poder decisor.

O que é o Projecto Rios?

O Projecto Rios é um projecto que visa a participação social na conservação dos espaços

fluviais, procurando acompanhar os objectivos apresentados na Década da Educação das

Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e contribui para a implementação da

Carta da Terra e da Directiva Quadro da Água.

A implementação deste projecto pretende dar resposta à visível problemática, de âmbito

nacional e global, referente à alteração e deterioração da qualidade dos rios e à falta de um

envolvimento efectivo dos utilizadores e da população em geral.

O Projecto Rios, pela metodologia que utiliza, pretende promover a curiosidade científica e

implementar o método científico experimental, através da recolha e registo de informações e

dados geográficos, físico-químicos, biológicos, eventos históricos, sociais e etnográficos,

contribuindo assim para a melhoria do espaço estudado e da qualidade fluvial global, com vista

à aplicação das exigências da Directiva Quadro da Água e da Lei da Água.

Como surgiu o Projecto Rios?

O Projecte Rius foi lançado na Catalunha pela “Associación Habitats para Projecte RIUS

Catalunya” em 1997, e desde então tem-se revelado um sucesso. Actualmente, em Espanha, o

Projecto Rios, com mais de 10 anos de experiência, desenvolve as suas actividades de

voluntariado, abrangendo mais de 1000 grupos em cinco Comunidades Autónomas:

Associación Habitats, na Catalunha; ADEGA, na Galiza; Xúquer Viu, na comunidade de

Valência; CIMA na Cantábria e Territórios Vivos, em Madrid. Foi estabelecido um protocolo para a sua adopção no território português com a “Associación Habitats para Projecte RIUS

Catalunya”.

Em Portugal, o Projecto Rios chegou em 2006 e é promovido pelas seguintes entidades:

Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA); Associação de Professores de

Geografia (APG); Liga para a Protecção da Natureza (LPN); Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto (FEUP). A ASPEA é presentemente a responsável pela coordenação do

projecto.

Actualmente estão envolvidas na implementação do Projecto Rios no território nacional

diversas entidades institucionais (câmaras municipais, juntas de freguesia, escolas,

associações, organizações não-governamentais (ONGs), institutos e centros de investigação),

empresas e a população em geral.

Objectivos gerais

O Projecto Rios visa a adopção e monitorização de um troço de rio, de modo a promover a

sensibilização da sociedade civil para os problemas e a necessidade de protecção e

valorização dos sistemas ribeirinhos. O Projecto Rios tem como principal objectivo implementar

um plano de adopção de 500 metros de um troço de um rio ou ribeira. Para auxiliar nesta

tarefa é fornecido um kit didáctico (ver “Materiais”).

Com a aplicação prática deste projecto é possível aprender a valorizar a importância das linhas

de água, implementar uma rede nacional através da observação, monitorização ou vigilância,

visando a conservação e adopção de diferentes troços de rios. Pretende-se ainda desencadear

um conjunto de actividades experimentais de educação ambiental e participação pública, no

sentido da implementação da Directiva Quadro da Água.

É de salientar que este projecto surgiu com o objectivo de contribuir para a implementação de

planos de reabilitação dos rios e ribeiras, com o envolvimento e responsabilização de toda a

comunidade civil, com vista ao desenvolvimento sustentado, à educação para a cidadania e ao

crescimento local e regional.

Objectivos específicos

- Promover a reflexão participada com a finalidade de criar um intercâmbio de estratégias e

metodologias de educação ambiental nas zonas ribeirinhas;

- Criar um espírito de cooperação entre os grupos envolvidos inscritos, fomentando a troca de

ideias e experiências em torno de preocupações referentes às zonas de estudo;

- Monitorizar e inspeccionar troços de um rio ou ribeira, com vista à avaliação do grau de

qualidade da linha de água adoptada;

- Realizar monitorizações (ou inspecções) regulares, com o objectivo de reunir e interceptar

dados comparativos (no mínimo duas inspecções por ano);

- Implementar acções que promovam a melhoria do rio ou ribeira adoptado (no mínimo uma

acção por ano);

- Sensibilizar a comunidade para a adopção de estratégias promotoras de mudanças

conceptuais, com vista à melhoria do ambiente em geral e das linhas de água em particular;

- Promover a ligação afectiva da população ao espaço ribeirinho e à comunidade local;

- Organizar acções, actividades e eventos para a promoção, divulgação e discussão sobre a

água e a importância dos ecossistemas ribeirinhos;

- Levar a comunidade local a adoptar um papel activo na defesa do ambiente e na redução dos

impactes negativos de algumas acções do Homem nos ecossistemas ribeirinhos;

- Promover a utilização de novas tecnologias de informação;

- Alargar a informação e sensibilização à população em geral, promovendo campanhas de

sensibilização e acções de melhoria;

- Em contexto escolar, contribuir para a implementação da educação ambiental enquanto área

transversal na política das escolas.

Público-alvo

Todos podem participar, nomeadamente:

- Municípios;

- Empresas;

- Escolas (desde o ensino pré-escolar até à Universidade);

- ATL;

- Grupos de escuteiros;

- Associações/grupos culturais, de pescadores, agricultores, caçadores;

- Lares de 3ª idade;

- Grupos de amigos;

- Famílias;

- População em geral.

Equipa técnica

Ideia original:

Associació Habitats para Projecte RIUS Catalunya

Adaptação:

Proxecto RÍOS Galiza - ADEGA/USC

Adaptação portuguesa:

ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental - www.aspea.org

APG – Associação de Professores de Geografia - www.aprofgeo.pt

CEG/DG FLUL – Centro de Estudos Geográficos/Departamento de Geografia da Faculdade de

Letras da Universidade de Lisboa – www.ceg.fl.ul.pt

LPN – Liga para a Protecção da Natureza – www.lpn.pt

Tradução:

Ana Aldeia, Clara Rocha Santos e Cristina Levita

Revisão/validação científica e técnica:

Catarina Ramos, Eusébio Reis e Carlos Neto (CEG /DG - FLUL)

Luísa Chaves, Paula Chaínho - LPN

Francisco Melo Ferreira - Centro de Tradições Populares Portuguesas “Prof. Manuel Viegas

Guerreiro” (CTTP)

Márcia Moreno

Reabilitação e valorização de rios:

Pedro Teiga - FEUP

Parceiros:

APG – Associação de Professores de Geografia

CEG/DG FLUL – Centro de Estudos Geográficos/Departamento de Geografia da Faculdade de

Letras da Universidade de Lisboa

LPN – Liga para a Protecção da Natureza

FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

INAG – Instituto da Água

Coordenação geral:

ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental

Metodologia

O Projecto Rios é um projecto de educação ambiental que contribui para a implementação de

soluções sustentadas para os problemas dos ecossistemas fluviais. Para além da vertente

técnica, este projecto visa também a tomada de consciência ambiental baseada na

participação voluntária e activa dos cidadãos (vertente social).

O Projecto Rios pretende criar uma rede de monitorização e de adopção de troços de rios e

ribeiras por grupos locais organizados. Recorrendo a uma metodologia de observação, simples

mas rigorosa, estandardizada e de fácil aplicação e desenvolvimento, estes grupos assumirão

a responsabilidade de vigilância e protecção do troço do curso de água que seleccionaram,

contribuindo assim para a melhoria sustentada dos recursos hídricos em geral, e do processo

de reabilitação do seu troço, em particular.

Metodologia de implementação do Projecto Rios

Determinar o troço do rio a

monitorizar

Preparar e verificar todo o

material necessário

Fazer um esquema do troço do rio Descrever o troço do rio

Inspeccionar os colectores

Estudar o ecossistema fluvial

Preencher a ficha resumo de dados

Enviar a ficha-resumo para a

coordenação do Projecto RIOS

Localização geográfica do

troço do rio a monitorizar

Quando fazer a monitorização?

Para permitir a comparação dos dados obtidos por todos os grupos e se poder

elaborar uma informação anual, empregaremos unicamente os dados recolhidos

durante as campanhas de Outono e Primavera.

Contudo, podem realizar monitorizações sempre que queiram e em qualquer época

do ano. É recomendado fazê-lo em finais de Novembro e inícios de Maio, de forma

a podermos conhecer as alterações do rio ao longo desse período.

Acções de melhoria

Deve fazer pelo menos uma acção de melhoria no troço, por ano.

Descrição sucinta dos procedimentos experimentais a realizar

1. Seleccionar, em função da situação geográfica, o troço do rio a monitorizar de acordo com a

coordenação nacional;

2. Analisar o percurso do rio, os materiais do kit e as fichas de observação;

3. Verificar todo o material necessário para a monitorização do rio;

4. Elaborar um esquema do troço do rio – descrição físico-geográfica;

5. Inspeccionar os colectores;

6. Estudar o ecossistema aquático:

- Descrição do local de amostragem (largura, profundidade, velocidade, caudal,

sombra, substrato litológico do leito, rochas, substrato geológico, humidade);

- Medição e registo das características físico-químicas da água (temperatura, pH, NO2,

NO3, dureza, transparência);

- Observação e registo da vida no rio: plantas aquáticas, répteis, mamíferos, anfíbios,

aves, peixes, árvores e arbustos, invertebrados, cogumelos, insectos, borboletas,

líquenes, musgos;

- Registo da situação ambiental do rio e do bosque ribeirinho;

- Levantamento do património cultural (etnográfico mobiliário e imobiliário, recolha de

documentos orais), das catástrofes naturais, entre outros.

7. Preencher a ficha de recolha de dados;

8. Enviar a ficha de recolha de dados à coordenação nacional;

9. Colocar os registos na base de dados on-line;

10. Continuar o processo de adopção do troço monitorizado.

Os grupos deverão desenvolver autonomia para monitorizar e contribuir para a melhoria

do troço adoptado, mediante a metodologia apresentada.

Poderão, contudo, requerer apoio técnico que poderá ser dado por um Monitor do

Projecto Rios (ver “Formação”).

Materiais entregues ao grupo inscrito

- Um Kit didáctico:

- Caixa

- Manual do Projecto Rios;

- Apresentação geral do Projecto Rios

- Lupa;

- Lápis;

- Pinça;

- Fitas de medição de pH, nitratos e nitritos;

- Termómetro (de 3 a 50 ºc);

- Fita métrica (10 m);

- Camaroeiro;

- Prancheta;

- Fichas de campo:

- Ficha da primeira saída de campo;

- Ficha da segunda e seguintes saídas de campo.

- Fichas de identificação:

- Rios;

- Rochas;

- Anfíbios;

- Árvores e arbustos;

- Aves;

- Silhuetas;

- Borboletas;

- Répteis;

- Macroinvertebrados;

- Mamíferos;

- Peixes;

- Plantas aquáticas;

- Líquenes;

- Cogumelos;

- ISQVR – Índice Simplificado da Qualidade da Vegetação do Rio;

- Catástrofes;

- Património etnográfico;

- Disco de Secchi;

- Estado de saúde do rio;

- Tabela de símbolos uniformizados;

Resultados esperados

Com a aplicação prática das ferramentas do Projecto Rios espera-se:

- A adopção de troços de rios ou ribeiras, com vista a uma monitorização regular;

- A aquisição de resultados comparativos que permitam concluir o estado da qualidade da água

e dos ecossistemas ribeirinhos e, como consequência, o estado de saúde do rio;

- A manutenção e conservação do espaço ribeirinho;

- Sempre que possível, participar no processo de reabilitação da zona ribeirinha;

- A promoção da participação pública efectiva (informação, emissão de opinião, realização de

acções), no sentido da preservação de um bem comum;

- A sensibilização da população local, envolvimento de parceiros e decisores do meio hídrico

para conhecer os problemas actuais dos rios e definição de soluções;

- A tomada de consciência da comunidade face à importância da preservação dos

ecossistemas ribeirinhos, para o desenvolvimento local e regional e para a melhoria da

qualidade ambiental e de vida das populações;

- Contribuir para a implementação da Agenda 21, local e escolar;

- Contribuir para a implementação da Carta da Terra e da Directiva Quadro da Água;

- Concretizar a máxima “pensar global agir local”.

Não se adopta o troço de um rio por um dia, uma semana, um mês ou um ano… adopta-se para sempre!

Seja solidário… faça uma boa acção… adopte um rio - esta pode ser a sua missão!

Formação

O Projecto Rios aposta na formação de Monitores que darão, quando requisitado, apoio

técnico-científico aos grupos inscritos.

Actualmente, o Projecto Rios promove 3 tipos de formação:

- 50 horas (formação alargada, financiada e certificada para docentes);

- 16 horas (formação para técnicos e docentes em horário laboral ou pós-laboral);

- 6 horas (formação de demonstração);

Para além das horas de formação, o monitor deverá realizar duas saídas de campo, com um

grupo inscrito, para receber a certificação de Monitor de Projecto Rios.

O Projecto Rios em números…2006/08

87 grupos inscritos de 29 municípios;

3000 participantes e mais de 8000 pessoas envolvidas em actividades;

125 monitores do Projecto Rios em 8 cursos.

[Actualmente, em Espanha, o Projecto Rios, com mais de 10 anos de experiência, desenvolve as suas actividades de

voluntariado, abrangendo mais de 1200 grupos em cinco Comunidades Autónomas: Associació Habitats, na Catalunha;

ADEGA, na Galiza; Xúquer Viu, na comunidade de Valência; CIMA na Cantábria e Territórios Vivos, em Madrid.]

Desenvolvimento de parcerias

A parceria é uma ferramenta que permite aliar esforços em prol de um objectivo comum.

Quantas mais pessoas ou entidades contribuírem para esse objectivo, maior será a

probabilidade de sucesso. O estabelecimento de parcerias com as autarquias locais ou

empresas é benéfico para uma região. A sinergia de diferentes parceiros com diferentes

interesses é fundamental para a concretização de projectos para o desenvolvimento local. O

Projecto Rios promove esta ligação. Trata-se de um projecto que tem em vista a sensibilização

da população, a promoção da participação pública e a preservação ou reabilitação dos rios e

ribeiras locais. Por tal, assume-se como um projecto viável e de baixo custo para a

concretização de parcerias sólidas.

“A união faz a força”. No fundo, todos ficamos a ganhar e, desta forma, contribuímos para o

desenvolvimento sustentável da região: “Nós não herdamos a terra aos nossos pais, pedimo-la

emprestada aos nossos filhos”.

Alguns exemplos de apoio e auxílio que um parceiro pode dar:

· Material didáctico de apoio;

· Financiamento de kits didácticos (ver “Materiais”);

· Apoio financeiro €;

· Instalações, transportes, logística, autorizações diversas;

· Formação e apoio técnico – nomeando, por exemplo, um funcionário para

participar na formação de “Monitor do Projecto Rios”;

· Ajuda na planificação, organização e implementação local;

· Informação, ideias, percepção e potencialidades das actividades a desenvolver.

Vantagens em promover/apoiar o Projecto Rios:

· Promover o conhecimento, a valorização e o desenvolvimento local;

· Facilitar actividades de participação pública;

· Promover a localidade a nível regional, nacional e internacional;

· Implementar as Agendas 21 Local ou Escolar;

· Contribuir para a aplicação da Directiva Quadro da Água e da Lei da Água;

· Contribuir para a melhoria dos rios e ribeiras;

· Materializar a educação ambiental de forma continuada;

· Concretizar a responsabilidade social;

· Promover a própria entidade parceira.

Conclusão

Com a convicção da necessidade da formação de novas mentalidades, indutoras de

comportamentos favoráveis ao desenvolvimento sustentado, quer da população em geral quer

das autoridades de decisão política, a metodologia utilizada no Projecto Rios visa contribuir

para a melhoria das zonas ribeirinhas e, assim, cooperar para a concretização dos princípios

da Directiva Quadro da Água e da qualidade de vida das populações.

Equipa de Coordenação Nacional:

Maria João Correia (ASPEA) – Bióloga – Coordenadora geral

Pedro Teiga (FEUP) – Engenheiro do Ambiente - Coordenador técnico

Luísa Chaves (LPN) – Bióloga

Paula Chaínho (LPN) – Bióloga

Clara Rocha Santos (APG) – Geógrafa

Fátima Matos Almeida (ASPEA) – Presidente de ASPEA

Contactos

Tel.: 919 074 510 (Pedro Teiga)

E-mail: projectorios@gmail.com

Web: www.projectorios.org

"O Projecto Rios na minha Eco-Escola”

Pedro Teiga*

* Aluno de Doutoramento em Reabilitação de Rios da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e coordenador Nacional do Projecto Rios.

Actualmente muitas linhas de água encontram-se fortemente poluídas resultado das acções antrópicas que devem urgentemente ser alteradas. A agricultura e expansão urbana, constitui um forte impacto na deterioração dos rios, restringindo a sua mobilidade, dinâmica e potencial de regeneração natural da sua estão em discussão novos conceitos de engenharia fluvial, com o objectivo de compatibilizar os interesses socioeconómicos com o funcionamento equilibrado e sustentável dos ecossistemas ribeirinhos.

Apesar da Participação pública ser um requisito legal, da Directiva Quadro da Água (DQA) e da Lei da Água, o formato mais utilizado em Portugal de envolvimento da sociedade continua a ser passivo. Estes processos pela sua importância requerem uma formação activa, num contexto formal e informal, onde as componentes dos sistemas fluviais, utilizações, valores ecológicos, estéticos, culturais, sociais, usufruto e lazer sejam debatidos.

É necessário que os processos de participação sejam conduzidos com mais abrangência, de forma a avaliar as varias vertentes e opiniões/sugestões, de modo a obter projectos adaptados a cada situação e contributivos para a qualidade e bem-estar.

A participação pública em Portugal é entre os países da Europa um dos que apresenta níveis mais baixos e onde faltam ferramentas que contribuam para uma sociedade cívica mais activa nomeadamente no âmbito dos recursos hídricos. O Projecto Rios envolvendo as Escolas é a ferramenta preferencial para interligar as pessoas e os rios.

O Projecto Rios surge em 1997 pela “Associación Habitats” com o “Projecte RIUS” na Catalunha. Em Portugal está a ser implementado desde 2006, visando a adopção e monitorização de um troço de rio, de modo a promover a sensibilização da sociedade civil para os problemas e para a necessidade de protecção dos rios. A adaptação para o contexto português foi realizada pela Associação de Professores de Geografia (APG), a Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), a Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Actualmente, a coordenação e gestão são da responsabilidade da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) e da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).

O projecto visa a adopção e monitorização de um troço (500 m) de rio ou ribeira, de modo a promover a sensibilização da população para os problemas e para a importância da protecção, valorização e melhoria dos sistemas ribeirinhos. Contribui ainda para a reabilitação das zonas ribeirinhas e a concretização dos princípios da Lei da Água, Directiva Quadro da Água, Carta da Terra, Agendas 21 Local e Escolar e Protocolo de Quioto.

Com o Projecto Rios, foi possível até ao momento criar uma rede de grupos, de responsáveis por cada grupo, de monitores e de parceiros, promovendo, em conjunto, a conservação e adopção de diferentes troços de rios que é constituída por: 211 Grupos inscritos de 77municípios (de Norte a Sul); 162 Escolas da rede pública e privada, do pré-escolar ao nível secundário; várias Associações ou Grupos organizados; Autarquias; Ecoclubes; Famílias, Empresas e grupos de amigos. Actualmente estão formados 228 Monitores do Projecto Rios em 14 cursos. As linhas de água adoptadas são maioritariamente da tipologia de rios e ribeiras (cerca de 90%) e em menor numero canais, valas, lagoa, ria, barranco.

Para a concretização do processo de adopção de uma linha de água é necessário elaborar um planto de actividades, , que passam por conhecer o rio com duas visitas anuais e uma acção de melhoria e inscrever-se no site (www.projectoris.org). Esta última actividade deve estar de acordo com disponibilidade de tempo e espaço para a concretizar, estas podem ser: realização de um poster com fotografias das saídas de campo; adaptação de uma letra a uma música no âmbito dos rios; realizar uma exposição ou palestra na escola com a temática dos recursos fluviais, realizar um vídeo com entrevistas a pessoas acerca do estado actual da linha de água, fazer um conto ou uma história que tenha ocorrido no rio; recolher fotografias antigas; realizar postais da biodiversidade do rio adoptado e etc.

O envolvimento activo, numa perspectiva sustentável, quer da população escolar quer das autoridades, utilizando como metodologia o Projecto Rios, permite contribuir para uma sociedade responsável e activa na valorização e reabilitação das zonas ribeirinhas. È possível de forma activa concretizar o lema o “Projecto rios une pessoas e rios”.

Blog: http://projectorios.blogspot.com

Esta documentação foi cedida pelo aluno do Projecto Rios Pedro Teiga

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