Enquadramento
Desde as primeiras civilizações, o ser humano, por razões económicas, culturais e de lazer,
esteve sempre ligado aos recursos hídricos, vivendo uma relação que sustentava uma
natureza mais poderosa do que o Homem. Com a evolução da civilização humana, esta
posição mudou. O desenvolvimento das sociedades actuais tem conduzido a uma degradação
generalizada do meio ambiente e a uma utilização irracional dos recursos naturais.
Actualmente, os rios e as ribeiras em Portugal apresentam vários problemas, nomeadamente
ao nível dos usos comuns e da afluência de oportunidades de exploração de recursos que
ocorrem ao longo da sua bacia hidrográfica. Muitos destes problemas resultam da falta de
conhecimento e participação pública, quer ao nível da população em geral quer ao nível do
poder decisor.
O que é o Projecto Rios?
O Projecto Rios é um projecto que visa a participação social na conservação dos espaços
fluviais, procurando acompanhar os objectivos apresentados na Década da Educação das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e contribui para a implementação da
Carta da Terra e da Directiva Quadro da Água.
A implementação deste projecto pretende dar resposta à visível problemática, de âmbito
nacional e global, referente à alteração e deterioração da qualidade dos rios e à falta de um
envolvimento efectivo dos utilizadores e da população em geral.
O Projecto Rios, pela metodologia que utiliza, pretende promover a curiosidade científica e
implementar o método científico experimental, através da recolha e registo de informações e
dados geográficos, físico-químicos, biológicos, eventos históricos, sociais e etnográficos,
contribuindo assim para a melhoria do espaço estudado e da qualidade fluvial global, com vista
à aplicação das exigências da Directiva Quadro da Água e da Lei da Água.
Como surgiu o Projecto Rios?
O Projecte Rius foi lançado na Catalunha pela “Associación Habitats para Projecte RIUS
Catalunya” em 1997, e desde então tem-se revelado um sucesso. Actualmente, em Espanha, o
Projecto Rios, com mais de 10 anos de experiência, desenvolve as suas actividades de
voluntariado, abrangendo mais de 1000 grupos em cinco Comunidades Autónomas:
Associación Habitats, na Catalunha; ADEGA, na Galiza; Xúquer Viu, na comunidade de
Valência; CIMA na Cantábria e Territórios Vivos, em Madrid. Foi estabelecido um protocolo para a sua adopção no território português com a “Associación Habitats para Projecte RIUS
Catalunya”.
Em Portugal, o Projecto Rios chegou em 2006 e é promovido pelas seguintes entidades:
Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA); Associação de Professores de
Geografia (APG); Liga para a Protecção da Natureza (LPN); Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FEUP). A ASPEA é presentemente a responsável pela coordenação do
projecto.
Actualmente estão envolvidas na implementação do Projecto Rios no território nacional
diversas entidades institucionais (câmaras municipais, juntas de freguesia, escolas,
associações, organizações não-governamentais (ONGs), institutos e centros de investigação),
empresas e a população em geral.
Objectivos gerais
O Projecto Rios visa a adopção e monitorização de um troço de rio, de modo a promover a
sensibilização da sociedade civil para os problemas e a necessidade de protecção e
valorização dos sistemas ribeirinhos. O Projecto Rios tem como principal objectivo implementar
um plano de adopção de 500 metros de um troço de um rio ou ribeira. Para auxiliar nesta
tarefa é fornecido um kit didáctico (ver “Materiais”).
Com a aplicação prática deste projecto é possível aprender a valorizar a importância das linhas
de água, implementar uma rede nacional através da observação, monitorização ou vigilância,
visando a conservação e adopção de diferentes troços de rios. Pretende-se ainda desencadear
um conjunto de actividades experimentais de educação ambiental e participação pública, no
sentido da implementação da Directiva Quadro da Água.
É de salientar que este projecto surgiu com o objectivo de contribuir para a implementação de
planos de reabilitação dos rios e ribeiras, com o envolvimento e responsabilização de toda a
comunidade civil, com vista ao desenvolvimento sustentado, à educação para a cidadania e ao
crescimento local e regional.
Objectivos específicos
- Promover a reflexão participada com a finalidade de criar um intercâmbio de estratégias e
metodologias de educação ambiental nas zonas ribeirinhas;
- Criar um espírito de cooperação entre os grupos envolvidos inscritos, fomentando a troca de
ideias e experiências em torno de preocupações referentes às zonas de estudo;
- Monitorizar e inspeccionar troços de um rio ou ribeira, com vista à avaliação do grau de
qualidade da linha de água adoptada;
- Realizar monitorizações (ou inspecções) regulares, com o objectivo de reunir e interceptar
dados comparativos (no mínimo duas inspecções por ano);
- Implementar acções que promovam a melhoria do rio ou ribeira adoptado (no mínimo uma
acção por ano);
- Sensibilizar a comunidade para a adopção de estratégias promotoras de mudanças
conceptuais, com vista à melhoria do ambiente em geral e das linhas de água em particular;
- Promover a ligação afectiva da população ao espaço ribeirinho e à comunidade local;
- Organizar acções, actividades e eventos para a promoção, divulgação e discussão sobre a
água e a importância dos ecossistemas ribeirinhos;
- Levar a comunidade local a adoptar um papel activo na defesa do ambiente e na redução dos
impactes negativos de algumas acções do Homem nos ecossistemas ribeirinhos;
- Promover a utilização de novas tecnologias de informação;
- Alargar a informação e sensibilização à população em geral, promovendo campanhas de
sensibilização e acções de melhoria;
- Em contexto escolar, contribuir para a implementação da educação ambiental enquanto área
transversal na política das escolas.
Público-alvo
Todos podem participar, nomeadamente:
- Municípios;
- Empresas;
- Escolas (desde o ensino pré-escolar até à Universidade);
- ATL;
- Grupos de escuteiros;
- Associações/grupos culturais, de pescadores, agricultores, caçadores;
- Lares de 3ª idade;
- Grupos de amigos;
- Famílias;
- População em geral.
Equipa técnica
Ideia original:
Associació Habitats para Projecte RIUS Catalunya
Adaptação:
Proxecto RÍOS Galiza - ADEGA/USC
Adaptação portuguesa:
ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental - www.aspea.org
APG – Associação de Professores de Geografia - www.aprofgeo.pt
CEG/DG FLUL – Centro de Estudos Geográficos/Departamento de Geografia da Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa – www.ceg.fl.ul.pt
LPN – Liga para a Protecção da Natureza – www.lpn.pt
Tradução:
Ana Aldeia, Clara Rocha Santos e Cristina Levita
Revisão/validação científica e técnica:
Catarina Ramos, Eusébio Reis e Carlos Neto (CEG /DG - FLUL)
Luísa Chaves, Paula Chaínho - LPN
Francisco Melo Ferreira - Centro de Tradições Populares Portuguesas “Prof. Manuel Viegas
Guerreiro” (CTTP)
Márcia Moreno
Reabilitação e valorização de rios:
Pedro Teiga - FEUP
Parceiros:
APG – Associação de Professores de Geografia
CEG/DG FLUL – Centro de Estudos Geográficos/Departamento de Geografia da Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa
LPN – Liga para a Protecção da Natureza
FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
INAG – Instituto da Água
Coordenação geral:
ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental
Metodologia
O Projecto Rios é um projecto de educação ambiental que contribui para a implementação de
soluções sustentadas para os problemas dos ecossistemas fluviais. Para além da vertente
técnica, este projecto visa também a tomada de consciência ambiental baseada na
participação voluntária e activa dos cidadãos (vertente social).
O Projecto Rios pretende criar uma rede de monitorização e de adopção de troços de rios e
ribeiras por grupos locais organizados. Recorrendo a uma metodologia de observação, simples
mas rigorosa, estandardizada e de fácil aplicação e desenvolvimento, estes grupos assumirão
a responsabilidade de vigilância e protecção do troço do curso de água que seleccionaram,
contribuindo assim para a melhoria sustentada dos recursos hídricos em geral, e do processo
de reabilitação do seu troço, em particular.
Metodologia de implementação do Projecto Rios
Determinar o troço do rio a
monitorizar
Preparar e verificar todo o
material necessário
Fazer um esquema do troço do rio Descrever o troço do rio
Inspeccionar os colectores
Estudar o ecossistema fluvial
Preencher a ficha resumo de dados
Enviar a ficha-resumo para a
coordenação do Projecto RIOS
Localização geográfica do
troço do rio a monitorizar
Quando fazer a monitorização?
Para permitir a comparação dos dados obtidos por todos os grupos e se poder
elaborar uma informação anual, empregaremos unicamente os dados recolhidos
durante as campanhas de Outono e Primavera.
Contudo, podem realizar monitorizações sempre que queiram e em qualquer época
do ano. É recomendado fazê-lo em finais de Novembro e inícios de Maio, de forma
a podermos conhecer as alterações do rio ao longo desse período.
Acções de melhoria
Deve fazer pelo menos uma acção de melhoria no troço, por ano.
Descrição sucinta dos procedimentos experimentais a realizar
1. Seleccionar, em função da situação geográfica, o troço do rio a monitorizar de acordo com a
coordenação nacional;
2. Analisar o percurso do rio, os materiais do kit e as fichas de observação;
3. Verificar todo o material necessário para a monitorização do rio;
4. Elaborar um esquema do troço do rio – descrição físico-geográfica;
5. Inspeccionar os colectores;
6. Estudar o ecossistema aquático:
- Descrição do local de amostragem (largura, profundidade, velocidade, caudal,
sombra, substrato litológico do leito, rochas, substrato geológico, humidade);
- Medição e registo das características físico-químicas da água (temperatura, pH, NO2,
NO3, dureza, transparência);
- Observação e registo da vida no rio: plantas aquáticas, répteis, mamíferos, anfíbios,
aves, peixes, árvores e arbustos, invertebrados, cogumelos, insectos, borboletas,
líquenes, musgos;
- Registo da situação ambiental do rio e do bosque ribeirinho;
- Levantamento do património cultural (etnográfico mobiliário e imobiliário, recolha de
documentos orais), das catástrofes naturais, entre outros.
7. Preencher a ficha de recolha de dados;
8. Enviar a ficha de recolha de dados à coordenação nacional;
9. Colocar os registos na base de dados on-line;
10. Continuar o processo de adopção do troço monitorizado.
Os grupos deverão desenvolver autonomia para monitorizar e contribuir para a melhoria
do troço adoptado, mediante a metodologia apresentada.
Poderão, contudo, requerer apoio técnico que poderá ser dado por um Monitor do
Projecto Rios (ver “Formação”).
Materiais entregues ao grupo inscrito
- Um Kit didáctico:
- Caixa
- Manual do Projecto Rios;
- Apresentação geral do Projecto Rios
- Lupa;
- Lápis;
- Pinça;
- Fitas de medição de pH, nitratos e nitritos;
- Termómetro (de 3 a 50 ºc);
- Fita métrica (10 m);
- Camaroeiro;
- Prancheta;
- Fichas de campo:
- Ficha da primeira saída de campo;
- Ficha da segunda e seguintes saídas de campo.
- Fichas de identificação:
- Rios;
- Rochas;
- Anfíbios;
- Árvores e arbustos;
- Aves;
- Silhuetas;
- Borboletas;
- Répteis;
- Macroinvertebrados;
- Mamíferos;
- Peixes;
- Plantas aquáticas;
- Líquenes;
- Cogumelos;
- ISQVR – Índice Simplificado da Qualidade da Vegetação do Rio;
- Catástrofes;
- Património etnográfico;
- Disco de Secchi;
- Estado de saúde do rio;
- Tabela de símbolos uniformizados;
Resultados esperados
Com a aplicação prática das ferramentas do Projecto Rios espera-se:
- A adopção de troços de rios ou ribeiras, com vista a uma monitorização regular;
- A aquisição de resultados comparativos que permitam concluir o estado da qualidade da água
e dos ecossistemas ribeirinhos e, como consequência, o estado de saúde do rio;
- A manutenção e conservação do espaço ribeirinho;
- Sempre que possível, participar no processo de reabilitação da zona ribeirinha;
- A promoção da participação pública efectiva (informação, emissão de opinião, realização de
acções), no sentido da preservação de um bem comum;
- A sensibilização da população local, envolvimento de parceiros e decisores do meio hídrico
para conhecer os problemas actuais dos rios e definição de soluções;
- A tomada de consciência da comunidade face à importância da preservação dos
ecossistemas ribeirinhos, para o desenvolvimento local e regional e para a melhoria da
qualidade ambiental e de vida das populações;
- Contribuir para a implementação da Agenda 21, local e escolar;
- Contribuir para a implementação da Carta da Terra e da Directiva Quadro da Água;
- Concretizar a máxima “pensar global agir local”.
Não se adopta o troço de um rio por um dia, uma semana, um mês ou um ano… adopta-se para sempre!
Seja solidário… faça uma boa acção… adopte um rio - esta pode ser a sua missão!
Formação
O Projecto Rios aposta na formação de Monitores que darão, quando requisitado, apoio
técnico-científico aos grupos inscritos.
Actualmente, o Projecto Rios promove 3 tipos de formação:
- 50 horas (formação alargada, financiada e certificada para docentes);
- 16 horas (formação para técnicos e docentes em horário laboral ou pós-laboral);
- 6 horas (formação de demonstração);
Para além das horas de formação, o monitor deverá realizar duas saídas de campo, com um
grupo inscrito, para receber a certificação de Monitor de Projecto Rios.
O Projecto Rios em números…2006/08
87 grupos inscritos de 29 municípios;
3000 participantes e mais de 8000 pessoas envolvidas em actividades;
125 monitores do Projecto Rios em 8 cursos.
[Actualmente, em Espanha, o Projecto Rios, com mais de 10 anos de experiência, desenvolve as suas actividades de
voluntariado, abrangendo mais de 1200 grupos em cinco Comunidades Autónomas: Associació Habitats, na Catalunha;
ADEGA, na Galiza; Xúquer Viu, na comunidade de Valência; CIMA na Cantábria e Territórios Vivos, em Madrid.]
Desenvolvimento de parcerias
A parceria é uma ferramenta que permite aliar esforços em prol de um objectivo comum.
Quantas mais pessoas ou entidades contribuírem para esse objectivo, maior será a
probabilidade de sucesso. O estabelecimento de parcerias com as autarquias locais ou
empresas é benéfico para uma região. A sinergia de diferentes parceiros com diferentes
interesses é fundamental para a concretização de projectos para o desenvolvimento local. O
Projecto Rios promove esta ligação. Trata-se de um projecto que tem em vista a sensibilização
da população, a promoção da participação pública e a preservação ou reabilitação dos rios e
ribeiras locais. Por tal, assume-se como um projecto viável e de baixo custo para a
concretização de parcerias sólidas.
“A união faz a força”. No fundo, todos ficamos a ganhar e, desta forma, contribuímos para o
desenvolvimento sustentável da região: “Nós não herdamos a terra aos nossos pais, pedimo-la
emprestada aos nossos filhos”.
Alguns exemplos de apoio e auxílio que um parceiro pode dar:
· Material didáctico de apoio;
· Financiamento de kits didácticos (ver “Materiais”);
· Apoio financeiro €;
· Instalações, transportes, logística, autorizações diversas;
· Formação e apoio técnico – nomeando, por exemplo, um funcionário para
participar na formação de “Monitor do Projecto Rios”;
· Ajuda na planificação, organização e implementação local;
· Informação, ideias, percepção e potencialidades das actividades a desenvolver.
Vantagens em promover/apoiar o Projecto Rios:
· Promover o conhecimento, a valorização e o desenvolvimento local;
· Facilitar actividades de participação pública;
· Promover a localidade a nível regional, nacional e internacional;
· Implementar as Agendas 21 Local ou Escolar;
· Contribuir para a aplicação da Directiva Quadro da Água e da Lei da Água;
· Contribuir para a melhoria dos rios e ribeiras;
· Materializar a educação ambiental de forma continuada;
· Concretizar a responsabilidade social;
· Promover a própria entidade parceira.
Conclusão
Com a convicção da necessidade da formação de novas mentalidades, indutoras de
comportamentos favoráveis ao desenvolvimento sustentado, quer da população em geral quer
das autoridades de decisão política, a metodologia utilizada no Projecto Rios visa contribuir
para a melhoria das zonas ribeirinhas e, assim, cooperar para a concretização dos princípios
da Directiva Quadro da Água e da qualidade de vida das populações.
Equipa de Coordenação Nacional:
Maria João Correia (ASPEA) – Bióloga – Coordenadora geral
Pedro Teiga (FEUP) – Engenheiro do Ambiente - Coordenador técnico
Luísa Chaves (LPN) – Bióloga
Paula Chaínho (LPN) – Bióloga
Clara Rocha Santos (APG) – Geógrafa
Fátima Matos Almeida (ASPEA) – Presidente de ASPEA
Contactos
Tel.: 919 074 510 (Pedro Teiga)
E-mail: projectorios@gmail.com
Web: www.projectorios.org
"O Projecto Rios na minha Eco-Escola”
Pedro Teiga*
* Aluno de Doutoramento em Reabilitação de Rios da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e coordenador Nacional do Projecto Rios.
Actualmente muitas linhas de água encontram-se fortemente poluídas resultado das acções antrópicas que devem urgentemente ser alteradas. A agricultura e expansão urbana, constitui um forte impacto na deterioração dos rios, restringindo a sua mobilidade, dinâmica e potencial de regeneração natural da sua estão em discussão novos conceitos de engenharia fluvial, com o objectivo de compatibilizar os interesses socioeconómicos com o funcionamento equilibrado e sustentável dos ecossistemas ribeirinhos.
Apesar da Participação pública ser um requisito legal, da Directiva Quadro da Água (DQA) e da Lei da Água, o formato mais utilizado em Portugal de envolvimento da sociedade continua a ser passivo. Estes processos pela sua importância requerem uma formação activa, num contexto formal e informal, onde as componentes dos sistemas fluviais, utilizações, valores ecológicos, estéticos, culturais, sociais, usufruto e lazer sejam debatidos.
É necessário que os processos de participação sejam conduzidos com mais abrangência, de forma a avaliar as varias vertentes e opiniões/sugestões, de modo a obter projectos adaptados a cada situação e contributivos para a qualidade e bem-estar.
A participação pública em Portugal é entre os países da Europa um dos que apresenta níveis mais baixos e onde faltam ferramentas que contribuam para uma sociedade cívica mais activa nomeadamente no âmbito dos recursos hídricos. O Projecto Rios envolvendo as Escolas é a ferramenta preferencial para interligar as pessoas e os rios.
O Projecto Rios surge em 1997 pela “Associación Habitats” com o “Projecte RIUS” na Catalunha. Em Portugal está a ser implementado desde 2006, visando a adopção e monitorização de um troço de rio, de modo a promover a sensibilização da sociedade civil para os problemas e para a necessidade de protecção dos rios. A adaptação para o contexto português foi realizada pela Associação de Professores de Geografia (APG), a Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA), a Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Actualmente, a coordenação e gestão são da responsabilidade da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) e da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
O projecto visa a adopção e monitorização de um troço (500 m) de rio ou ribeira, de modo a promover a sensibilização da população para os problemas e para a importância da protecção, valorização e melhoria dos sistemas ribeirinhos. Contribui ainda para a reabilitação das zonas ribeirinhas e a concretização dos princípios da Lei da Água, Directiva Quadro da Água, Carta da Terra, Agendas 21 Local e Escolar e Protocolo de Quioto.
Com o Projecto Rios, foi possível até ao momento criar uma rede de grupos, de responsáveis por cada grupo, de monitores e de parceiros, promovendo, em conjunto, a conservação e adopção de diferentes troços de rios que é constituída por: 211 Grupos inscritos de 77municípios (de Norte a Sul); 162 Escolas da rede pública e privada, do pré-escolar ao nível secundário; várias Associações ou Grupos organizados; Autarquias; Ecoclubes; Famílias, Empresas e grupos de amigos. Actualmente estão formados 228 Monitores do Projecto Rios em 14 cursos. As linhas de água adoptadas são maioritariamente da tipologia de rios e ribeiras (cerca de 90%) e em menor numero canais, valas, lagoa, ria, barranco.
Para a concretização do processo de adopção de uma linha de água é necessário elaborar um planto de actividades, , que passam por conhecer o rio com duas visitas anuais e uma acção de melhoria e inscrever-se no site (www.projectoris.org). Esta última actividade deve estar de acordo com disponibilidade de tempo e espaço para a concretizar, estas podem ser: realização de um poster com fotografias das saídas de campo; adaptação de uma letra a uma música no âmbito dos rios; realizar uma exposição ou palestra na escola com a temática dos recursos fluviais, realizar um vídeo com entrevistas a pessoas acerca do estado actual da linha de água, fazer um conto ou uma história que tenha ocorrido no rio; recolher fotografias antigas; realizar postais da biodiversidade do rio adoptado e etc.
O envolvimento activo, numa perspectiva sustentável, quer da população escolar quer das autoridades, utilizando como metodologia o Projecto Rios, permite contribuir para uma sociedade responsável e activa na valorização e reabilitação das zonas ribeirinhas. È possível de forma activa concretizar o lema o “Projecto rios une pessoas e rios”.
Blog: http://projectorios.blogspot.com
Esta documentação foi cedida pelo aluno do Projecto Rios Pedro Teiga
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