domingo, maio 04, 2008

Ambiente e Arte foi o Tema numa Conferência Temática em Penafiel

Conferência Temática Sobre Ambiente e Arte em Penafiel


Depois da inauguração da exposição “Ambiente e Arte”, estamos agora aqui para reflectirmos em conjunto sobre o Ambiente e o papel que a Arte pode desempenhar na sensibilização para um melhor Ambiente e defesa da Natureza.

Mas antes do mais importa esclarecer como surgiu esta ideia. Como os meus amigos sabem, apesar de já não ser tão novo como isso, e porque sempre considerei que o saber, o aprender coisas novas, só nos faz bem e não ocupa lugar, decidi aproveitar o programa Novas Oportunidades para obter o reconhecimento e validação de competências ao nível Secundário.

Iniciei este desafio em Setembro de 2007, e com a ajuda dos formadores dedicados que me acompanham neste percurso, eu próprio me surpreendi com as competências que ao longo da minha vida pessoal e profissional desenvolvi e adquiri, apesar de ter frequentado o ensino formal apenas até ao antigo 5.º ano do Curso Geral Liceal. Claro que foi uma aprendizagem dura, muito eclética, que não seguiu o percurso linear duma formação académica dum curso regular.

Para os que não me conhecem, tenho de traçar um breve perfil, para melhor entenderem o meu percurso de vida.

Apesar de ter nascido em Baião em 1946, vim para Penafiel aos 5 anos de idade, porque o meu pai foi trabalhar para a Eléctrica Duriense Lda., antiga empresa de electricidade que tinha umas instalações no Lugar da Agra, onde hoje está instalada a EDP - Penafiel.

Criado em Penafiel, estudei no Colégio do Carmo até à antiga 4.º classe e admissão aos liceus, tendo continuado o meu percurso escolar no Porto, na Escola Ramalho Ortigão, onde fiz o Ciclo Preparatório. Aqui pararam os meus estudos porque fui trabalhar com 13 anos, para a Eléctrica Duriense. Hoje, começar a trabalhar aos 13 anos não é possível, sendo até considerado exploração infantil, mas naqueles tempos difíceis do fim da década de 50, tal assim, não era entendido, constituindo o parco ordenado um complemento importante para as finanças familiares.

Cresci profissionalmente na Eléctrica Duriense e posteriormente na EDP quando esta integrou a Eléctrica, subindo por mérito profissional até atingir a chefia de capataz de equipas de electricistas de média tensão. Cumpri o serviço militar durante três anos, dos quais dois em serviço em Angola. Consciente da importância da formação escolar, já adulto, voltei aos bancos da escola para tirar o Curso Geral Liceal e por aí me fiquei por contingências da vida, ainda que, dentro da empresa onde trabalhava, fosse efectuando todos os cursos possíveis de aperfeiçoamento profissional.

Porque a vida é uma Universidade, fui desenvolvendo ao longo dos tempos interesses culturais variados, desde a fotografia à pintura, passando pela escultura, para além de participar activamente na vida da comunidade através do trabalho voluntário. Hoje, aposentado da EDP, olho para o meu passado e sinto orgulho no que alcancei, apesar de todas as dificuldades que as pessoas da minha geração tiveram que enfrentar. Casado, pais de dois filhos já homens, voltei aos “bancos da escola” para validar e reconhecer essas competências, por uma mera questão de realização pessoal.

Mas não é propriamente para falar sobre a minha pessoa que aqui nos encontramos reunidos. Estamos aqui para, com a ajuda dos ilustres participantes, reflectirmos sobre o estado do Ambiente em geral e no nosso concelho em particular.

Interessado desde há muito nas questões ambientais - e aqui presto homenagem ao Dr. Rocha Melo, ilustre médico penafidelense, e meu particular amigo, por me ter influenciado, desde criança, na imperativa necessidade de preservar o Ambiente e a Natureza – tenho procurado dar o meu modesto contributo enquanto cidadão nesta frente de batalha, nomeadamente através das associações AARiS (Associação dos Amigos do Rio Sousa) de que tenho a honra de ser o coordenador e APDVB Associação Para Defesa do Vale do Bestança, como membro activo.

Tenho de reconhecer aqui, publicamente, o esforço que as diversas autoridades de Penafiel e dos concelhos limítrofes, nomeadamente o SEPNA e as Câmaras, têm vindo a fazer para termos um Ambiente melhor, com os nossos rios menos poluídos e os montes mais limpos.
Infelizmente, e há sempre um senão, ainda estamos longe do dia em que poderemos voltar a ver trutas nos rios Sousa, Mesio e Cavalum. No dia em que isso acontecer, no dia em que volte a ser possível ver trutas e tomar banho sem correr o risco de apanhar uma doença, é porque a qualidade da água dos nossos rios e ribeiras é boa, sinal de que muito trabalho foi feito ao nível do tratamento do saneamento, da erradicação de práticas agrícolas lesivas do ambiente e da educação ambiental.

Vivemos numa zona, o Vale do Sousa, que exerce uma pressão demográfica muito grande sobre o Ambiente, particularmente sobre os nossos cursos de água.
As câmaras, nomeadamente a nossa de Penafiel, têm vindo a fazer grandes investimentos, directamente ou através dos concessionários, no alargamento das redes de saneamento e instalação, de estações de tratamento de águas residuais.
Mas há ainda muito por fazer neste campo.

Enquanto não tivermos um sistema completo de recolha e tratamento de águas residuais, acho que não podemos nem devemos cruzar os braços perante as descargas ilegais, o mau funcionamento de algumas ETAR´s – mesmo quando estas são propriedade de Câmaras! – a continuada prática de utilização de fossas cépticas em detrimento de se efectuar a ligação ao saneamento que passa à porta. Para além duma redobrada atenção por parte das autoridades para, de forma mais ou menos pedagógica ou coerciva, pôr cobro a este e outro tipo de situações, importa que se faça uma sensibilização das populações e em particular dos nossos jovens, ou, não sejam eles o nosso futuro.

A frente de batalha da educação ambiental é tão importante como o alargamento das redes de saneamento ou a construção de novas ETAR´s.

A Ambisousa, a Empresa Intermunicipal de Tratamento e Gestão de Resíduos Sólidos do Vale do Sousa, tem vindo a desenvolver algumas iniciativas neste campo, ainda que exclusivamente voltadas para os resíduos sólidos urbanos. Infelizmente, parece que os municípios do Vale do Sousa que integram a Associação de Municípios e a Comunidade Urbana ValSousa – se é que esta entidade ainda existe! – Não conseguiram concertar uma estratégia comum para as águas e saneamentos. Pelo que nos é dado verificar, cada município seguiu o seu próprio caminho, ora concessionando a empresas distintas, ou criando a sua própria empresa municipal como é o caso de Penafiel. E isto tem consequências não só na implementação de soluções que permitam economias de escala, mas também na definição de estratégias adequadas para a educação ambiental.

Contudo a inexistência de uma acção concertada na área da educação ambiental, constitui uma oportunidade para os municípios e associações ambientais, pois cabe-lhes a responsabilidade de colmatar essa falha desenvolvendo acções - como a que hoje estamos aqui a realizar – que alertem as consciências para os problemas ambientais, e em particular para o magno problema da qualidade do bem mais precioso do nosso planeta que é a água.

E é aqui que me surgiu a ideia de ligar a Arte ao Ambiente. O Homem sem Arte não é nada, nem seria Homem. A Arte está profundamente ligada à história do Homem e ao meio em que vivia e vive, não apenas pelos materiais que utilizava para se exprimir, mas também pelos temas que representava. Seríamos os mesmos se os nossos antepassados distantes não tivessem feito as pinturas rupestres de Alta Mira, de Lascaux, as gravuras rupestres da Foz do Côa, ou para não irmos tão longe, as nossa gravuras rupestres – tão abandonadas, infelizmente - de Luzim? Eu creio que não.

A Arte, através da pintura e da escultura, pode dar um contributo para a sensibilização das pessoas para a importância de preservarem o ambiente e a natureza, reutilizando e reciclando materiais, dando nova vida e valor estético ao que estava condenado a ser desperdício. Exemplo disso mesmo são as peças que construí reutilizando velhas ferramentas já sem préstimo ou outros artefactos de metal, dando-lhes uma nova vida e significado.
Napoleão Monteiro
28 de Março de 2008

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